VINHAS DE ONDE? por Marcelo Vinhas

Antigamente eu colocava títulos em todas as minhas colunas. Lembrava de uma professora de português avisando que daria zero para quem não colocasse título na redação. Quando percebi que a moda (ou regra, ou tendência) dos blogs era usar como título o próprio nome da coluna, virei modista. Porém, se essa coluna tivesse um título, seria "JG, um torcedor".

Uma vez assisti uma palestra sobre mercado de capitais. O palestrante falava sobre tendências. Ele dizia que quando não há objetivos e estratégias claras, o investidor, de um momento para outro, vira torcedor. Quando o investidor vira torcedor, ele torce, torce, torce para suas ações subirem, mas elas só caem. Às vezes esboçam uma reação, entretanto a queda é iminente. O pior é que ele nada pode fazer, apenas torcer.

JG é um cara que jogava botão com fones de ouvido. Muitos não achariam estranho ele estar escutando a banda dos Corações Solitários do Sargento Pimenta mais um milhão de vezes. Ledo engado. Aquilo era um rádio comprado no camelódromo pelotense, mas sintonizado na Nativa 740 AM, de Rio Grande.

Qual é exemplo mais típico de um torcedor? O JG, com certeza. O cara aparecia na Academia com aquela camisa molhada desde os áureos tempos de Flávio Leonetti. Tentava nos convencer que aquela mancha verde escura tratava-se da foto de um leão. Nas conversas de mesa exaltava o estádio Aldo Dapuzzo, sua torcida, os novos modelos de gestão do clube e o futebol do lendário Marcos Milhão.

Por vezes, mesmo abaixo de vaias e deboches, JG cantava refrões de criatividade contestável, do tipo "lê, leleô... leleô, leleô, leleô..." Durante anos, o cara torcia fervorosamente, defendia com argumentos otimistas, e vestia a camisa de um time de presente crítico e sem grandes perspectivas de futuro. Hoje merece as glórias de quem nunca desistiu.

Um abraço a todos os novos torcedores do São Paulo de Rio Grande.