Metallica vem aí (de novo)! Parte III
Ainda me lembro daquele dia
como se fosse hoje. Manhã de primavera e lá estava eu indo em direção ao
calçadão de Rio Grande. Antigamente havia uma loja especializada em discos
chamada Pop Disc, situada exatamente onde hoje fica a Renner. Ela já não
existia mais e, buscando uma alternativa, tínhamos a Trekos (casa comercial que
também tinha na vizinha Pelotas). Então, por volta das 11 horas da manhã de um belo
dia de sol, lá fui eu diretamente para a Trekos comprar o novo e esperado disco
do Metallica. Não pense você que eu fui no escuro. Roqueiro que se preze tem
que conhecer os vendedores de discos de cada loja. Caso não conheça, pelo menos
pergunte quando seu disco preferido irá chegar. Isso ajuda a conter a sua
juvenil ansiedade.
Chegando lá vou direto à
estante de discos de metal e o vejo à minha espera! Estava em primeiro da fila,
todo vestido de luto. Óbvio que mais algumas cópias devem ter chegado para o
estoque, mas para mim ele era o único! Minha missão era resgatá-lo e escutá-lo
o quanto antes. Era o momento de desmentir algumas calúnias ditas por
pseudo-críticos musicais.
Vou direto para casa e, como
um ritual inca de adoração aos deuses, coloco-o em toca-discos e espero o
primeiro acorde... Os sons iniciais cantados pela agulha de diamante (assim
chamavam) não me decepcionaram. Pelo contrário, estava gostando e esperando
confiante o desenrolar da primeira música. Mas quando James Hetfield começa a
cantar sua primeira estrofe a guilhotina francês cai sobre meu pescoço! Juro! O
Metallica quase morreu para mim naquele momento! Mas não, a minha teimosia o
fez aguentar mais um pouco.
A extrema-unção chegou com a balada “The Unforgiven”. "QUE P* ERA AQUELA??, pensei. “ISSO NÃO É METALLICA!!!”, bradei. Afinal, quem era
aquele cara cantando meladamente: “”What I’ve felt, what I’ve Knowm, Never
shined through in what I’ve showm...”?Tamanha era a surpresa que a culpa
primeiramente caiu para Kirk Hammet... Depois descobrimos que era realmente
James Hetfield. Sim, ele era capaz de cantar de forma palha. Porém, a
confirmação da morte chegou com a “Nothing Else Matters”, mais precisamente com
o seu acorde final (pois até ele chegar, eu fiquei esperando uma nova “One”,
começando calma e terminando com toda a força). Aquilo era um ultraje para nós,
amantes do feeling e da força que sempre caracterizou o Thrash Metal. Foi como
se eu tivesse, pela segunda vez, tido conhecimento que Papai Noel era um
simples velhinho capitalista! Ou seja, o Heavy Metal também não estava imune aos
interesses do show business.
Foi difícil digerir tudo tão
rápido. Rapidamente me desfiz daquele álbum duplo, vendendo para um sebo que se
localizava na Rua Zalony. Aquele Metallica não era digno de fazer parte de minha
coleção, eu pensava.
O meu luto pelo Metallica
foi tortuoso, longo, quase interminável! Um dos piores sintomas de sua morte
foi quando vários amigos, que nunca sequer haviam escutado a banda (antes desse
disco achavam que Metallica era somente uma cor de carro) começaram a virar fãs
incondicionais. O primeiro que me vem à cabeça é o Duda, colega de Departamento
de Futebol de Mesa do Sport Club Rio Grande. Na minha cabeça de metaleiro, como
um cara como ele poderia passar a escutar uma das minhas bandas favoritas? Logo
ele, que escutava Guns n’ Roses como se fosse Death Metal (estilo mais pesado
do Heavy, uma porcaria sonora!)... Logo toda sua turma só escutava Metallica,
consumia Metallica, falava em Metallica. Foi uma fase difícil para quem gostava
do antigo Metallica. Todos os dias eu amaldiçoava Bob Rock, o produtor que
levou o Metallica ao fundo do poço.
O pior ainda estava por vir.
Os discos posteriores ao “Álbum Preto” foram ainda piores. Uma sucessão de
equívocos que afastava definitivamente os leais fãs da banda, em troca de milhares
de novos, mas pouco leais, sujeitos às modas musicais. Toda essa pobreza
desembocou em crises musicais e de relacionamento dentro da própria banda (ver
dvd Some Kide of Monster, uma espécie de “terapia pública”)
Fortes indícios me levam a
pensar que o produtor Bob Rock foi a Yoko do Metallica. Não conseguiu de fato separá-los,
mas acabou com o espírito original da banda. Desiludiu profundamente seus fãs
junto com um Metallica conivente.
Entretanto, quase duas
décadas depois de sua primeira morte (bandas são como gatos?), quando eu já
havia desistido de escutar qualquer coisa lançada pelo grupo, o Metallica renasce
com o disco Death Magnetic, no ano de 2008. Sou testemunha ocular e auditiva
dessa ressurreição! Estive no show que eles fizeram no ano de 2010 em Porto Alegre
e posso afirmar: o Metallica voltou! O meu prazer em voltar a escutar Metallica
está mais vivo do que nunca. Está renovado, assim como a banda!
É esse novo-velho Metallica
que tocará no Rock in Rio 2013.
Fica minha homenagem ao produtor Rick Rubin!
Ele foi um dos responsáveis pela ressurreição do Metallica!
Recados:
1) Se você gosta de Rock n' Roll de verdade, compareça na próxima quarta-feira ao Gigantinho. O Kiss estará no palco!
2) Para a alegria dos leitores do blog da Academia, na próxima semana postarei minha última coluna. Fecharei com uma análise musical da Academia. Até lá!
12 comentários:
Comecei a ouvir Metallica com o Black Álbum, e comecei a ouvir Iron com o disco The X-Factor, que tinha o Blaze Bayley no vocal.
Aguardo teus comentários.
Bela coluna...
"CAGA EU SOU METAGUEGO!!!"
Hehehehe... Forte abraço Juarez!!!
o Rick Rubin é um produtor atípico, ele tenta fazer a banda encontrar o som que ela quer ao invés de impôr elementos pessoais. Era o ideal para o Metallica naquele momento. Sou fã do cara.
JG, tem esse documentário: http://www.youtube.com/watch?v=wmQ4XS0Gi-Q&feature=youtu.be
Ainda não vi, mas acho que são apenas relatos deles mesmos sobre o processo de gravação do Death Magnetic. Me falaram que é bastante bom.
O JG é um colunista estrela e não conversa com os fãs, ainda mais agora que o Estadão roubou ele do Blog.
O Juarez já está abandonando o barco?
JG estrela!!!
TOCA RAUUUUUULLLLLL!
Sinceramente, em termos musicais o Otávio em breve superará o Osmar! Chuto entre 5 a 8 anos.
Vou ver esse documentário. Ainda não conheço.
Ao Badia:
Raul é dos meus!!!
Abraços a todos!
Vai superar, mas ainda precisa voltar um pouco no tempo, entretanto, isso não foi suficiente para o Marcelo ... hehe
Pois é, acho que agora tu deves entrar mais firme na educação musical do Otávio. Só falta a base do rock.
Putz Fuao...A coluna eh show de bola, mas para poucos...hehehehe. Se parar, o proximo colunista vai iniciar com Michel Telo....hehehehe.
Coloca o Dead Kennedys neste balaio.....rsss
Sds Caju - Franzen F.M
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