"And, in the end, the love you take is equal to the love you make"

A imagem escolhida para abrir a postagem de hoje não poderia ser mais simples. Ela traz uma representação perfeita da dinâmica da vida: um círculo, sem começo, sem fim. Um espaço onde os encontros são inevitáveis, seja com as outras pessoas, seja com o passado. De acordo com o genial Paul McCartney, na última música, do último álbum dos Beatles: "And, in the end, the love you take is equal to the love you make". Sim, o amor que levamos é igual ao amor que plantamos.

Neste final de semana, os meus colegas de AFM Augusto Nedel, Marcelo Vinhas, Mateus Pierobom e Paulo Zilberknop conquistaram, pela segunda vez em 2010, o Campeonato Estadual por Equipes. E esse título comprova, mais uma vez, que a dinâmica da vida, representada pela imagem acima, é exata.

Em 2007, a AFM fez um campeonato estadual por equipes fantástico, com um espírito de campeã. A derrota amarga para Passo Fundo nas semifinais resultou num balanço do campeonato. E Marcelo Vinhas começou ali a prever o nosso título de ontem, dizendo: "Perdemos hoje, mas esse campeonato marcou uma coisa fundamental: jogamos como equipe, com a motivação que precisa para conseguir o título". No ano seguinte, em Passo Fundo, fizemos campanha de campeão, com 7 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Em qualquer outro ano, com essa campanha num campeonato de pontos corridos, teríamos conquistado o título. Mas não foi dessa vez ainda. A Riograndina levou o título com 7 vitórias e 2 empates. Fomos vice campeões, mas continuamos no mesmo caminho. Naquele ano, comemorei um gol do Círculo Militar contra a Riograndina, mas foram eles que riram por último.

Em 2009, caímos numa chave fortíssima, sendo eliminados na última rodada da primeira fase. Seguia o aprendizado. Ainda em 2009, conseguimos o vice campeonato brasileiro por equipes (da primeira divisão), perdendo para os campeões baianos. Em 2010, conquistamos o campeonato estadual por equipes de liso, com uma campanha sensacional. E ontem, conquistamos também o campeonatos estadual por equipes de cavado. O círculo rodou, rodou, rodou, e dessa vez, foi a ARFM que comemorou num gol do Círculo Militar contra nós, mas fomos nós que rimos por último. O círculo da vida é implacável.

No vestiário do Boston Celtics existe uma frase: "Jogadores ganham jogos, equipes conquistam títulos". Essa frase foi enviada por email para o Augusto, Marcelo e Matias na terça-feira da semana do campeonato. Quem foi o remetente da mensagem? o nosso CHEFE, é claro. Talvez os colegas de outras associações não entendam a nossa adoração pelo nosso CHEFE. Talvez ninguém entenda a nossa adoração pelo nosso CHEFE. A resposta é mais simples do que parece, basta olhar com calma e interpretar a imagem inicial da postagem.

Além de um CHEFE, precisávamos de um líder. No esporte, existem dois tipos tradicionais de lider, um representado pelo Dunga na Copa de 1994 e outro representado pelo Pelé na Copa de 1970. O Dunga foi lider por personalidade, por dedicação, por comprometimento. O Pelé foi um líder técnico; todos o tratavam como líder pela sua capacidade de conquistar tudo. Na AFM, o Marcelo Vinhas representa, há 10 anos, um líder do tipo Pelé. No sábado à noite, Marcelo enviou uma mensagem simples para os três colegas da equipe. Foi uma mensagem motivacional simples, de consumo interno. Mas o importante não foi o texto, e sim o que ela representou. No momento em que o Pelé também virou Dunga, o título mais importante da carreira do Marcelo foi conquistado. Peço que, mais uma vez, vocês olhem atentamente para a imagem que abre essa postagem. Ela explica muito...

Com um CHEFE e um líder estávamos então prontos para o título? É CLARO QUE NÃO. Ainda precisávamos de um GUERREIRO. A campanha do Mateus Pierobom até as semifinais era um desastre para um botonista do nível dele, com o sangue de um dos maiores de todos os tempos. Ao ler a mensagem do Marcelo no sábado à noite, Mateus ficou meia hora formigando na volta do celular, e depois disso, tomou uma atitude que diferencia os meninos dos homens. Decidiu não responder a mensagem, falando para sua namorada: "Não vou falar, vou fazer". A volta por cima do Mateus no domingo com um empate e uma vitória mostra que o GUERREIRO apareceu. E remete novamente a imagem que abre essa postagem.

Mas seria o esporte tão exigente, que mesmo com um CHEFE, um LÍDER e um GUERREIRO, ainda não era o bastante? Sim, a realidade é mais cruel do que parece. Ainda faltava alguma coisa. Ainda faltava um toque dos Deuses... Ainda faltava o CORAÇÃO. E esse foi representado pelo Augusto, o homenageado principal (junto com a Melissa) do texto de hoje. A volta por cima dada por ele durante essa semana me impede de continuar escrevendo com a frieza e ironia de sempre. Quis o destino que o Augusto tivesse que exorcizar todos os fantasmas, do passado e do presente, num único campeonato, num único final de semana. Quis o destino que as cavadas decisivas fossem dele. Quis o destino que a fama de "entregão", criada por ele próprio, fosse testada ao máximo. Quis o destino que todo o nosso esforço de anos ficasse nas mãos dele. Somente quem não entende a dinâmica da vida duvidaria que ele cavaria aquelas bolas. AUGUSTO, OBRIGADO PELA AULA DE VIDA.