segunda-feira, 25 de março de 2013

Heroes

* ESTA COLUNA É MAIS BEM VISUALIZADA AO SOM DO LINK ABAIXO

http://www.youtube.com/watch?v=Tgcc5V9Hu3g


Em 1977, David Bowie e Brian Eno escreveram a letra da música "Heroes". Jamais imaginariam que longínquos 36 anos depois, tal música seria o combustível para um feito histórico de um botonista gaúcho. A missão era difícil, até para o 007. O caminho para o título nacional passava por uma vitória ou empate contra o campeão brasileiro Aldemar nas semifinais e uma vitória sobre o baiano Gabriel na grande final, depois que o mesmo eliminou de forma dramática a Daniel Pizzamiglio nas semifinais.

No Domingo pela manhã, ligamos a TV do quarto para descontrair e diminuir a tensão. E veio então a sequência da MTV Classic que mudou a história da Copa do Brasil. Tudo começou com The Doors, incluiu Angie, dos Stones, mas o clip que deu a Marcelo Vinhas o título histórico foi "Heroes". A letra da música não pode ser coincidência:

"... we can beat them, forever and ever
Oh, we can be heroes, just for one day..."

Como colunista, eu poderia fazer muita auto-promoção hoje, pois quem leu a minha coluna da semana passada, sabe que esse título foi anunciado por mim. Eu poderia hoje escrever uma coluna em homenagem ao amigo Daniel Pizzamiglio, que fez uma campanha de luxo e conquistou um histórico terceiro lugar na competição. Eu poderia escrever hoje em homenagem a João Garima, um apaixonado pelo liso, que fez questão de ligar para cumprimentar o campeão, entendendo o tamanho de seu feito. Poderia destacar a parada nos boxes de Lewis Hamilton no GP de Fórmula 1, feito que me fez lembrar um multicampeão da Academia. Poderia escrever também em homenagem a Alex Degani, que não só foi o primeiro a cumprimentar Vinhas por SMS, como também escreveu um lindo texto sobre o título no Blog da Riograndina (http://www.riograndinafutmesa.blogspot.com.br/). Poderia escrever hoje em homenagem a todos os gaúchos que estavam em Caxias, os quais, independente da associação que representam, torceram muito por Marcelo Vinhas na final. Por fim, eu poderia dedicar a coluna de hoje ao time da Academia, ou em especial ao Osmar, que deve ter muito orgulho da pessoa que ajudou a educar. Mas eu peço desculpas a todas essas pessoas, porque a coluna de hoje será sobre Marcelo Vinhas, a pessoa certa para trazer esse título para o Rio Grande do Sul.

O jogo final foi algo indescritível. Mas vamos começar falando sobre a preparação para o jogo. Fico imaginando uma conversa entre o maior botonista de todos os tempos, Diógenes, e seu companheiro Gabriel. A conversa deve ter sido mais ou menos assim:

"Vinhas joga muito. Você tem que se impor no começo do jogo. Comece com tudo, pois assim você segura o ímpeto de Vinhas e a gauchada fica mais calma".  

Claro que isso é apenas um chute, mas faz sentido. Faz sentido porque o pentacampeão brasileiro é a pessoa mais adequada para falar sobre finais. Normalmente, quando chega, ele sai campeão. E sai campeão porque entra na mesa se impondo, deixando claro quem é o "dono" daquele campinho. Além disso, ele sabe como ninguém o quanto a cabeça importa numa final. A preparação de Vinhas foi diferente. Ao seu lado, não tínhamos Diógenes, mas tínhamos o CHEFE. E para o CHEFE, as coisas são muito mais simples:

"Vai lá e ganha o jogo".

Gabriel ouviu os conselhos de Diógenes. Ouviu como um aprendiz, e aplicou como um campeão. Não tenho dúvidas em dizer que o primeiro tempo de Gabriel na final foi o melhor que já vi tecnicamente na história do futebol de mesa. Nem o Mestre Diógenes criou tanto em 25 minutos num jogo desse nível. Foram quatro chutes, sem que Vinhas cometesse um único erro. Era um coelho tirado da cartola atrás do outro. Gabriel jogou como campeão, mas acabou vice. Várias podem ser as razões para que o monstro Gabriel tenha saído vice campeão, mas algumas suspeitas são fortes:

(a) Virar colunista do Blog do maior pé frio do futebol de mesa exatamente às vésperas de um campeonato nacional;

(b) Empatar com Pedrinho na primeira rodada, deixando escapar a vantagem do empate na grande final;

(c) Após errar três chutes, passar a régua em Pedrinho, para dar sorte, antes do quarto chute.

Alexandre Gomes diria que essas três coisas juntas resultarão em cerca de 50 anos de azar. Eu vou além: são 50 anos de azar, mas o Gabriel joga tanto que será campeão brasileiro em menos de 50 anos, mesmo com o azar. Brincadeiras à parte, fica aqui a minha homenagem a um botonista que honra a história do estado que representa. Somos todos cientes do quanto a Bahia é a principal força do botonista nacional e temos vocês como adversários na mesa, mas verdadeiros ídolos.

E Gabriel, você é hoje quem lidera esse esquadrão de craques, jogando um futebol de mesa de dar orgulho a seu avô. Parabéns pelo vice campeonato, e garanto que você estará no lugar mais alto do pódio em menos de cinco anos. Pode me cobrar depois.

Mas depois de limpar a régua em mim, antes do quarto chute, a bola bateu no goleiro de Marcelo Vinhas. E aí vem mais um comentário: nós da Academia, inspirados por nosso campeão brasileiro Luis Fernando Silva, sabemos que futebol de mesa se joga com 11, e não com 10. O goleiro espalmou e a bola sairia para tiro de meta do outro lado da mesa, quando num impulso, o zagueiro do Bahia resolveu dominar no peito para sair jogando, mas escorregou... Era o chute que Vinhas precisava para mudar aquela final. E não poderia ser outro botão, que não Edson, o camisa 11, a fazer aquele gol. Edson é o botão menos badalado do time de Vinhas, mas disparado seu melhor jogador. Os famosos Lela e Indio não amarram as chuteiras de Edson. Estava aberto o caminho para o título.

O segundo tempo foi diferente. Gabriel fez de tudo, mas Vinhas jogou como campeão. Sofreu apenas um chute, a bater, e controlou o jogo. Os últimos 10 minutos foram especiais. Gabriel tinha meia jogada pelo lado esquerdo e uma jogada pelo lado direito. Como num jogo de xadrez, foram 10, 15 jogadas de cada botonista para (a) colocar a bola lá; (b) não deixar Gabriel colocar a bola lá. O xeque mate veio num lançamento de levantador, que obrigou Gabriel a tentar uma cavada daquelas que somente Mateus Pierobom e Silvio poderiam conseguir. Gabriel errou, e lá estava Edson, com o braço erguido, pedindo bola. O resto da história todo mundo sabe.

Obrigado a todos os meus amigos da Academia por me darem oportunidade de, as lágrimas, escrever essa coluna em homenagem a um amigo especial. Obrigado Marcelo!

Marcelo Vinhas foi o herói, não somente por um dia como diz a música, mas para a eternidade.






































22 comentários:

Robson Betemps Bauer disse...

Parabéns pela coluna, mas principalmente ao Vinhas que foi um gigante diante de monstros do futmesa nacional.

Parabéns !

Unknown disse...

Camarada Pedrinho,

sua leitura maniqueísta sobre os fatos segue sendo a mesma, tendenciosa.

O Gabriel, extraordinário botonista quando jogou o brasileiro e ficou entre os 4 melhores, não era colunista do Gothe Gol, aliás segue um dos melhores 4 do Brasil, sendo agora colunista do Gothe Gol. Viu como uma leitura pode ser tênue.

Vai querer culpar agora o Gothe Gol pela Academia deixar escapar o título de Equipes no último Estadual com a reação decisiva do Degani contra um de seus jogadores nos momentos decisivos ?

Abraços,
Gothe.

Pedrinho Gmail disse...

Camarada gothe.

a fama nao foi criada por mim.

Aproveito para te dar os parabens pelo titulo do final de semana.

Abracos.

Unknown disse...

FDP, me fez chorar de novo. Agora entendo o Alemão...

CACO disse...

Parabéns pela coluna, emocionante. Parabéns ao Vinhas pela brilhante e não menos emocionante, mas nada surpreendente conquista. Quem acompanha a dedicação de nossos principais técnicos à modalidade, sempre soube que a conquista viria e em tempo muito mais breve que o imaginado pelos céticos da modalidade. Obrigado Marcelo quem admira FM passa a ser teu devedor pelo impulso que este título irá representar para o Rio Grande.
Caco.

Augusto 2 - toques disse...

Coluna fantástica, de muito BOM GRADO

Pedrinho Gmail disse...

Parabéns a todos que conseguiram entender a "essência" da coluna, não se apegando a detalhes...

Osmar disse...

Obrigado Marcelo, pela alegria e emoção de vê-lo mais uma vez Campeão do nosso amado esporte (hobby).
Obrigado Pedrinho, pela inspiração!
Orgulho desse competente botonista ser meu sobrinho, de pertencer à Academia, e de sua incontestável postura de Campeão!

Unknown disse...

Parabéns ao Vinhas, como já expressamos no Gothe Gol. Pedrinho, não magoa, rsrs...

Abraço,
Gothe.

Mário disse...

Parabéns Pedrinho pela coluna e pela homenagem ao Vinhas, esse título tão importante e esperado para o RS veio pelas mãos do nosso melhor botonista, é um orgulho pra todos nós.
Parabéns Vinhas!!!
Parabéns Academia!!!
Parabéns Gaúchada!!!
Mário Afm/Caxias.

Pedrinho Gmail disse...

Camarada Gothe,

Eu não estou magoado. Nós todos entendemos.

Abraços,

SAMBAQUY, Adauto Celso disse...

Pedrinho,
O feito histórico do Vinhas foi muito bem narrado por sua capacidade imensa de escrever. Parabéns pela coluna. Parabéns ao Vinhas pelo feito histórico. Parabéns a essa agremiação de botonistas que conseguiram realizar o sonho de todos os praticante gaúchos. Agora somos campeões brasileiros em duas modalidades: lisos e livres.
Parabéns e continue escrevendo colunas maravilhosas.

Unknown disse...

Camarada Pedrinho,

prometo uma postura mais cristã, mas só após a semana de Páscoa, pois o Jota escreve nela e aí fica difícil qualquer promessa. Mais modesto, falo apenas por mim, rsrs...

Abraço,
Gothe.

FGFM Online disse...

Vinhas,

A Federação Gaúcha de Futebol de Mesa se orgulha que você veste a nossa camisa.
"Sirvam nossas façanhas"
Parabenizo também o nosso Vice-Presidente pela magistral coluna.
FGFM.

Gabriel Melo disse...

Parabens ao Vinhas! Não mas a falar, apenas na CE da quinta no gothe!!! La teremos, todos os elogios ao merecedor campeão!!! E tambem os pitacos ao resto dos competidores!!!

Bela coluna, Pedrinho, obrigado pelas palavras!!!!

Quando a conversa com Diogenes, não teve isso e somente um incentivo, tipo o do chefe!!!

Pedrinho Gmail disse...

A diferença é que o incentivo do CHEFE é uma ordem...

Franzen Futebol de Mesa disse...

Parabéns Vinhas pelo merecido título e ao Pedrinho pela inspirada coluna...

A música caiu bem...Meio dark e meio enigmática...rsss.

Abraço.Caju.

Anônimo disse...

Gostaria, de mais uma vez, registrar meus parabéns ao Marcelo Vinhas pela conquista, inédita, e ainda por cima mais valorizada em função de ter passado por Ademar e Gabriel!Mas em contra partida, gostaria também de contar um historinha.....
Era uma vez um Turquinho maluquinho que chegava nos lugares e agitava tanto que seus pais, coitados, ja não suportavam mais. Para que o Turquinho maluquinho se acalmasse, colocaram o Guri numa Academia mas, como todo Turquinho, as academias estavam muito caras e sem querer o matricularam o guri numa Academia na rua General Neto, em Pelotas, mas como a ACADEMIA, da garagem era mais barata que a do meio da quadra, por lá o deixaram !
Sorte nossa, pois este guri tornou-se um Doutor guri, mas a sua simplicidade e loucura não mudaram, ele foi EXPULSO da Inglaterrra e sorte minha que entrei também nesta ACADEMIA pois nestes dois anos de convivência, apesar das amizades de adolescência, aprendi o que ser Acadêmico não é só ir aos sábados jogar botão mas é também vibrar com os títulos dos nossos amigos e companheiros e acima de tudo gostar das pessoas que te cercam.Aprendi que aos sábados este Doutor maluquinho, que nos faz chorar ao ler uma postagem no blog, faz muita falta, mesmo passando toda tarde de sábado agitando.
Pedrinho, obrigado por expressares nesta coluna todo sentimento que nós Acadêmicos gostaríamos de ter dito ao Marcelo mas, por simples incompetência não o fizemos.
Marcelo, este título é teu mas estou vibrando como se fosse nosso!Um bj no coração de cada um de vcs e se alguém sabe como seca-se um teclado, favor informar só que já aviso que dependendo da resposta posso pedir ajuda a mamãe!

Pedrinho Gmail disse...

hehehehehehehe, obrigado Badia...

O Marcelo sugere colocar o computador inteiro na máquina de secar, mas eu tenho dúvidas se isso vai dar bom...

Unknown disse...

TROMBADIA! Isso é exatamente o que os "antigos" chamavam de "Espírito de Academia".

Um amigo me disse que a única diferença entre a loucura e a genialidade é o sucesso. O Pedrinho é uma pessoa de sucesso, mas que pra mim continua sendo um louco!

Um grande abraço, meu amigo.

Vinhas.

Eduardo Manzke disse...

Parabéns pela coluna Pedrinho... Mais uma vez Parabéns para o Vinhas... Grande pessoa e Grande Campeão!!!

abraços a todos

Maurício disse...

Parabéns Pedrinho pela coluna e parabéns Vinhas por este feito HISTÓRICO, com certeza mereces muito este título!!!

Vinhas todos nós GAÚCHOS estamos orgulhosos de ti!!!

Forte abraço Vinhas, Pedrinho e à todos da academia!!!

Chambooo!!!