quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MANIFESTO & SOM, por Juarez Fuão

Metallica vem aí (de novo)! Parte II

A valiosa fita cassete contendo o show pirata do Metallica (compra por mim em viagem à Taça RS, conforme relatado no post da quinta-feira passada) era realmente fantástica! Apesar disso, ela continha um sentimento no mínimo estranho para aquele momento. Ela despertava um misto de empolgação, nostalgia e decepção. Explico.

A minha relação de fã número 1 do Metallica começou a mudar no segundo semestre de 1991. Depois de longos três anos sem lançar um álbum de estúdio (o último havia sido o perfeito ...And justice for all) a banda entrou em estúdio para compor um novo trabalho. A expectativa de nós, fãs incondicionais do Metallica, era imensa! Líamos com afinco cada reportagem que saía nas melhores revistas de Heavy Metal da época, no caso, a Rock Brigade (revista assinada pelo Túlio) com amplo destaque.

Capas com o Metallica, reportagens com o Metallica, pequenas matérias com Metallica, enfim, o mundo musical acompanhava com imensa ansiedade o retorno da banda. As revistas eram a nossa internet! Só com elas ficávamos a par de tudo que acontecia com o rock. Até que chegou uma edição que anunciava o lançamento do NOVO ÁLBUM da banda! Melhor, havia uma resenha sobre o disco. Apesar dela não ter sido das mais elogiosas para com o novo trabalho da banda, éramos fãs, e fãs possuem um pé atrás com crítico musical. Sempre líamos as críticas dos álbuns, mas quando elas eram ásperas com nossas bandas preferidas, logo sentenciávamos: “Coisa de músico frustrado!”; “Quanta bobagem!”... Mas no fundo aquelas palavras já haviam gerado grande pavor nas nossas mentes "xiitas".

E se fosse verdade? E se o álbum realmente trouxesse um Metallica mais pop? Já o nosso lado otimista celebrava: “que nada! Metallica é a maior banda de Trash do Mundo! Como Hetfield E Ulrich fariam algo pop? Impossível!”. Mas o fato, naquela ocasião, escrito pelas mãos impiedosas de um crítico musical, era potente como o martelo do Thor! A banda havia composto uma balada! Não uma balada como “One”, composta no disco anterior, que começava calma e acabava como um trem descarrilhado! Agora seria uma verdadeira balada. Dessas que as rádios FMs adoram passar de hora em hora. Seria o princípio do fim? Não sabíamos. Apenas tínhamos receio de que isso pudesse se confirmar. Sobre tal possibilidade conversávamos seguidamente.

Por alguns momentos tentávamos nos concentrar somente no Metallica concreto. O Metallica que orgulhava todo o fã de som pesado. O Metallica digno de compor a escalação do time de botão vermelho e preto do Túlio. O Metallica que estampava a minha camisa branca que tanto me acompanhou nas inúmeras noites de futmesa na sede do Sport Club Rio Grande (apesar das mesas naquela época possuírem proteções laterais de madeira com pregos assassinos de camisas...)

Enfim, não adiantava pensar sobre as palavras publicadas na Rock Brigade. A única solução era esperar o novo disco do Metallica chegar nas lojas de Rio Grande.

Após longas semanas de agonia, sempre tentando esfriar a cabeça com uma partida e outra de botão, o esperado álbum, com sua conhecida capa preta, finalmente havia chegado...

Continua na próxima semana

Um comentário:

Marcelo disse...

Assim como muitos da minha geração, conheci Metallica ouvindo Unforgiven, Nothing Else Matters, Enter Sandman e Wherever I May Roam. Só falta dizer que vcs não gostaram!