A valiosa fita cassete
contendo o show pirata do Metallica (compra por mim em viagem à Taça RS,
conforme relatado no post da quinta-feira passada) era realmente fantástica!
Apesar disso, ela continha um sentimento no mínimo estranho para aquele
momento. Ela despertava um misto de empolgação, nostalgia e decepção. Explico.
A minha relação de fã número
1 do Metallica começou a mudar no segundo semestre de 1991. Depois de longos
três anos sem lançar um álbum de estúdio (o último havia sido o perfeito ...And
justice for all) a banda entrou em estúdio para compor um novo trabalho. A
expectativa de nós, fãs incondicionais do Metallica, era imensa! Líamos com
afinco cada reportagem que saía nas melhores revistas de Heavy Metal da época,
no caso, a Rock Brigade (revista assinada pelo Túlio) com amplo destaque.
Capas com o Metallica,
reportagens com o Metallica, pequenas matérias com Metallica, enfim, o mundo
musical acompanhava com imensa ansiedade o retorno da banda. As revistas eram a
nossa internet! Só com elas ficávamos a par de tudo que acontecia com o rock.
Até que chegou uma edição que anunciava o lançamento do NOVO ÁLBUM da banda!
Melhor, havia uma resenha sobre o disco. Apesar dela não ter sido das mais
elogiosas para com o novo trabalho da banda, éramos fãs, e fãs possuem um pé
atrás com crítico musical. Sempre líamos as críticas dos álbuns, mas quando elas
eram ásperas com nossas bandas preferidas, logo sentenciávamos: “Coisa de
músico frustrado!”; “Quanta bobagem!”... Mas no fundo aquelas palavras já haviam
gerado grande pavor nas nossas mentes "xiitas".
E se fosse verdade? E se o
álbum realmente trouxesse um Metallica mais pop? Já o nosso lado otimista
celebrava: “que nada! Metallica é a maior banda de Trash do Mundo! Como Hetfield
E Ulrich fariam algo pop? Impossível!”. Mas o fato, naquela ocasião, escrito
pelas mãos impiedosas de um crítico musical, era potente como o martelo do
Thor! A banda havia composto uma balada! Não uma balada como “One”, composta no
disco anterior, que começava calma e acabava como um trem descarrilhado! Agora
seria uma verdadeira balada. Dessas que as rádios FMs adoram passar de hora em
hora. Seria o princípio do fim? Não sabíamos. Apenas tínhamos receio de que
isso pudesse se confirmar. Sobre tal possibilidade conversávamos seguidamente.
Por alguns momentos
tentávamos nos concentrar somente no Metallica concreto. O Metallica que orgulhava
todo o fã de som pesado. O Metallica digno de compor a escalação do time de
botão vermelho e preto do Túlio. O Metallica que estampava a minha camisa
branca que tanto me acompanhou nas inúmeras noites de futmesa na sede do Sport Club Rio Grande (apesar das mesas naquela
época possuírem proteções laterais de madeira com pregos assassinos de
camisas...)
Enfim, não adiantava pensar
sobre as palavras publicadas na Rock Brigade. A única solução era esperar o
novo disco do Metallica chegar nas lojas de Rio Grande.
Após longas semanas de agonia,
sempre tentando esfriar a cabeça com uma partida e outra de botão, o esperado álbum,
com sua conhecida capa preta, finalmente havia chegado...
Continua na próxima
semana
Um comentário:
Assim como muitos da minha geração, conheci Metallica ouvindo Unforgiven, Nothing Else Matters, Enter Sandman e Wherever I May Roam. Só falta dizer que vcs não gostaram!
Postar um comentário