segunda-feira, 25 de abril de 2011

Perdas vs. derrotas

Qual a diferença entre uma perda e uma derrota? Bem, as palavras são parecidas; eventualmente são usadas até como sinônimos. No entanto, em algumas situações perder é muito diferente de ser derrotado. No esporte, convivemos com vitórias e derrotas semanalmente. Se eu tivesse feito uma cobertura ao invés de cavar? Se eu tivesse chutado mais forte (ou mais fraco)? Se o infeliz não tivesse feito aquela falta boba na lateral, que culminou num cruzamento e gol do adversário? Nessas horas existem frases prontas, do tipo: “Aprendemos muito com as derrotas”. Tais frases tentam mostrar que o copo não está meio vazio, mas sim meio cheio.

Por mais que no momento da derrota seja difícil aceitar, passadas algumas horas (às vezes dias) conseguimos perceber algo de útil naquela derrota, normalmente um ensinamento. Tal lição pode ser útil para que a derrota não se repita no futuro. Tal lição pode ser útil para que o derrotado de hoje seja o vencedor de amanhã. Infeliz é aquele que não aprende com as derrotas, ou aquele que continua a perder da mesma forma, sem tentar mudar.

Na vida profissional, também convivemos com vitórias e derrotas com bastante frequência. É uma venda bem ou mal sucedida, uma aula bem ou mal dada, um texto bem ou mal escrito. E a dicotomia nos persegue também na vida pessoal: é um abraço dado ou não dado, uma briga que não precisaria acontecer, uma visita que fizemos ou deixamos de fazer. Novamente as derrotas nos trazem alguma lição. A venda mal sucedida de hoje pode ser a chave para a venda bem sucedida de amanhã. A aula mal dada pode ser a motivação para uma grande aula na semana seguinte. Um texto mal avaliado pode ser a semente para um texto brilhante futuro. O abraço não dado hoje pode ser dado amanhã, a briga pode ser evitada na próxima vez, a visita pode ser feita. Em resumo, continuamos tendo a opção de enxergar o copo meio cheio.

Tudo isso se aplica muito bem ao mundo de vitórias e derrotas. Já conviver com a perda é algo mais difícil. Se a perda material é dolorosa, imagine a perda das pessoas que amamos... Nessas horas podemos até tentar novamente falar do tal copo, mas não adianta: ele está vazio, e não cheio.

Falar de perda é algo complexo. Como falar de perda se nunca a vivenciamos? Por que falar e não prestar homenagem em silêncio? O que dizer? Sinceramente, algo que digamos vai minimizar o sofrimento pela perda? Há realmente algo a ser feito?

Mas nessas horas os principais ensinamentos que recebemos são fundamentais. É na hora das dificuldades, é na hora das perguntas sem respostas, é na hora das perdas, que diferenciamos os “homens” dos “meninos”. Para os “meninos”, a perda de pessoas queridas é a desculpa perfeita para que se cometa erros dos mais diversos tipos. Todo mundo acaba “entendendo” ou “relevando” tudo, afinal, a grande perda é a desculpa perfeita.

Já para os “homens” a perda é mais um teste, talvez o mais difícil de todos, mas mesmo na perda, os “homens” se destacam, eles buscam forças de lugares inimagináveis e ressurgem, assustadoramente mais fortes, mais maduros, mais prontos para seguirem em frente, pois sabem que outras vidas dependem dele. A perda passa então a ser a hora de dizer ATÉ LOGO, e não ADEUS. Acima de tudo, a pessoa amada perdida merece ouvir OBRIGADO, pois não foi por acaso que a amamos tanto. OBRIGADO pelo tempo mágico que conviveste comigo, OBRIGADO por ter me ajudado quando eu mais precisei, OBRIGADO por ter me aturado nos meus piores dias, OBRIGADO por ter entendido meus caprichos, meus erros.

E por mais incrível que possa parecer, o maldito copo volta a nos atordoar, pois sabemos que os verdadeiros “homens” são aqueles que sabem tranformar o copo vazio de hoje no copo cheio de amanhã.

Força meu amigo!!!


2 comentários:

jfuao disse...

Um abraço e muita luz para o Sérgio superar esse momento difícil. Que a dor de agora se torne logo saudade.

Abraço

Juarez Fuão

Daniel disse...

Parabéns Pedro pelo belicimo texto, sabias palavras que nos fazem a todos mergulharmos numa reflexão.
Valeu.....................

Dani